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A Central de Valorização Orgânica (CVO) da AMRPB foi dimensionada para receber 35 000 Ton/ano de resíduos biodegradáveis, estimando-se uma produção anual de cerca de 9 000 toneladas de composto.

O processo de digestão anaeróbia permite decompor os componentes biodegradáveis de RU e produzir biogás e composto orgânico. O biogás é utilizado para gerar eletricidade e o composto orgânico serve de fertilizante para diversos fins.

Na descrição do funcionamento da instalação importa salientar as seguintes unidades: digestão anaeróbia; circuito de biogás; pós-compostagem, afinação e armazenamento; tratamento de ar; tratamento das águas do processo. 

Os equipamentos e infraestruturas mais relevantes nas unidades enunciadas são: bomba de introdução, bomba de recirculação, digestor, prensas de parafuso, filtros banda, caldeira a vapor, compressores de biogás, caixa de agitação, reviradora, torre de lavagem de ar, biofiltro, gasómetro e laboratório.

O bom funcionamento da instalação é controlado regularmente por um determinado número de medidas e análises, automaticamente integradas e registadas ao nível da supervisão central, como as quantidades de resíduos introduzidos no digestor, a produção de biogás, a composição do biogás (teor em CH4 e CO2), a temperatura à entrada e no digestor.

Para garantir o equilíbrio biológico são ainda efetuadas análises, no laboratório interno da CVO, aos seguintes parâmetros: PH, Humidade, Matéria seca, Matéria Seca Volátil, Inertes, BIC e AGV. 

A Central de Valorização Orgânica (CVO) da AMRPB contribui não só para a redução da deposição de resíduos em aterro sanitário, como para a redução de gases responsáveis pelo aquecimento global, ao integrar tanto a digestão anaeróbia, como a compostagem, assumindo a forma de uma fase de digestão anaeróbia completa, seguida de uma maturação (compostagem) do material sólido resultante. 

Em 2021, foram introduzidas no digestor da Central de Valorização Orgânica 9291,7 toneladas de resíduos sólidos triados, provenientes da Unidade de Tratamento Mecânico.

Infra-estruturas executadas e em execução

Sistema de recepção e descarga

Os resíduos provenientes da recolha indiferenciada são depositados numa zona fechada, para minimizar a fuga de odores e partículas para o exterior. A zona de recepção e descarga está preparada para receber os vários tipos de viaturas que efectuam a recolha e o transporte de resíduos.

Pré-tratamento e Triagem

Os resíduos recolhidos passam por uma linha de pré-tratamento, com a finalidade da separação da fracção orgânica, com diâmetro inferior a 60mm.

Os resíduos são crivados, passando por túneis rotativos e são, posteriormente, sujeitos a uma triagem manual onde são retirados os resíduos mais volumosos. Após esta operação, sistemas mecânicos de abertura de sacos e separadores balísticos permitem a separação da massa de resíduos em varias fracções: finos, planos/leves e rolantes/pesados.

Os separadores magnéticos retiram os metais, os separadores ópticos separam as embalagens de plástico e de papel/cartão e os trituradores vão regularizando a granulometria da massa de resíduos.
Neste complexo processo também estão presentes separadores de raio-X, que separam os materiais mediante o seu peso atómico, de forma a extrair materiais inertes como pedras e vidros, seguindo-se um silo de fundo móvel que garante a continuidade do abastecimento dos resíduos à digestão anaeróbia.
Os materiais recicláveis captados neste processo de triagem são enfardados e encaminhados para a indústria recicladora através das diversas entidades gestoras e os elementos rejeitados são enviados para aterro sanitário ou para sistemas de valorização de resíduos alternativos.

Digestão anaeróbia

Os resíduos pré-tratados chegam à fase da digestão anaeróbia / metanização previamente diluídos, homogeneizados e aquecidos, de forma a estarem nas melhores condições para a degradação microbiana sucessiva, que requer um meio isento de oxigénio para obter um rendimento eficaz.

O digestor com capacidade de 4200 m3 possui um diâmetro interior de 15 m e uma altura de 28 m e encerra um sistema de isolamento térmico, constituído por lã de rocha e por poliuretano projectado na base. O teor em matéria seca no digestor situa-se entre os 17% e os 32%, evitando assim a decantação das partículas pesadas, uma vez que, o meio é mais viscoso e denso.

O sistema de agitação pneumática é accionado de 20 em 20 minutos e consiste na injecção de biagás sob pressão na base do digestor, através de 336 injectores distribuídos por 8 sectores. A pressão do biogás é de 6,5 bares. Cada agitação unitária, desenvolve uma energia correspondente a uma massa de 50 toneladas que cairá do alto do digestor directamente na matéria. O tempo de retenção da massa no digestor é de aproximadamente 29 dias.

Compostagem

A compostagem é uma reacção de degradação da matéria orgânica, da mesma natureza que a metanização, conduzindo a uma estabilização dessa matéria por consumo do carbono e produção de CO2.

A compostagem (após metanização) tem uma duração aproximada de 5 semanas e permite obter um produto final estável, seco, homogénio, desodorizado e de fácil afinação.

Está instalada uma cadeia suplementar de alimentação de agente estruturante, junto da área de compostagem. Esta cadeia permite acrescentar a quantidade de agente estruturante à entrada do fluxo de ar da unidade de compostagem.
Existem 5 silos constituídos por duas paredes paralelas, com um fundo composto por duas linhas goteiras com ventilação, onde um revirador permite arejar o material, bem como, revirá-lo ao longo dos túneis.

Afinação do composto

O composto bruto extraído segue para um descompactador com regulador de fluxo e deste para um trommel de 20mm, através de transportadores, para serem removidos os contaminantes.

O composto é colocado a granel em parque coberto, para salvaguardar o composto da acção de agentes atmosféricos, no período de espera até à sua colocação no mercado ou utilização. O material rejeitado é enviado para aterro.

Tratamento do ar e de fluentes líquidos

Os odores provenientes da instalação são tratados. O ar presente nos diversos edifícios (em ligeira depressão) onde se processam os resíduos será captado e enviado para lavagem química e tratamento de odores através de filtro biológico.

Todas as águas do processo e escorrências são encaminhadas para o sistema de tratamento de lixiviados existente no Centro de Tratamento.

Valorização energética

O biogás produzido no aterro sanitário e o gerado no digestor irá ser convertido em energia eléctrica através da respectiva queima em 3 motogeradores instalados para o efeito, permitindo assim a sua valorização energética.